quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Piedade profunda - sucesso de um lar

É doloroso verificar que tantos cristãos vivam afastados da graça divina. Cristãos de nome, apenas. Têm apenas o nome de vivos, mas estão mortos. Cristãos sem o Espírito Santo! Que não pertencem a Cristo!

Mais doloroso verificar que para muitos é o matrimônio a ocasião do pecado. Um sacramento, transformado de meio de santificação em pedra de tropeço. Moças piedosas de ontem, agora empedercidas no pecado mortal, afastadas do tribunal da Penitência e da mesa de Comunhão! Capitularam com uma facilidade de pasmar.

Que lhes faltou? "Uma profunda piedade". responde Pio XI.

É o que a muitos está faltando. Não basta a piedade superficial, feita de exterioridade, sem profundezas, sem convicção. A Religião não se satisfaz com formalismos, com aspectos "sociais", com práticas suaves, com um vago ou mórbito sentimentalismo. Uma piedade que se acomoda ao espírito do mundo, às idéias do mundo, às práticas do mundo - é burguesismo, não é piedade.

É uma deformação, e não uma formação católica. Não pode haver piedade sem espírito de renúncia, sem a virtude da esperança - que põe a felicidade perfeita no céu e não neste vale de lágrimas. Não pode haver vida cristã sem o estado de graça. Uma piedade verdadeira, uma piedade profunda é de tal maneira decidida a viver em estado de graça que prefere morrer a pecar mortalmente! Isto, sem retórica nem hipérbole.

Absoluta necessidade

As melhores intenções fracassam sem uma profunda piedade, como as mais belas colunas desabarão ao próprio peso sem sólidos fundamentos. O futuro da vida matrimonial depende da boa formação religiosa que tiverem os cônjuges. A virtude não se improvisa.

A comunidade doméstica se faz a custo de sacrifícios, renúnicas, abnegação, caridade, domínio de si, paciência - todas virtudes de longo fôlego, mesmo porque a convivência é de todas as horas e para sempre ... Que vigor é necessário para resistir às tentações do cônjuge que não quer ter filhos! Mil oportunidades se oferecem para queixas: escasseiam os recursos, multiplicam-se os trabalhos, crescem as despesas, as crianças desejam alguma coisa que se lhes não pode dar, etc., etc. - a culpa é dela, ou dele (conforme o caso).

O próprio amor requer bases cristãs. Passando o enlevo dos primeiros tempos, a vida em comum começa a oferecer perigos. Os defeitos lobrigados se firmam e outros, desconhecidos, aparecem. "Eu não sabia!", dirão. "E agora?", perguntam outros. Baseado na areia da paixão ou no lodo dos interesses humanos, estará ameaçado o lar, que só se firma amparado no amor de Deus, na prática consciente da Religião. Esta é uma verdade que se demonstra até pelas estatísticas.

Vêm os filhos. A alegria da concepção. A felicidade da expectativa. O interesse do enxoval. Mas a criança não é uma boneca. Os grandes sofrimentos da maternidade não são os da gestação e do nascimento: são os da educação. E os filhos aumentam, aumentando o trabalho e preocupações! Entre alegrias e os sofrimentos da família só uma sólida vida cristã fará ressaltarem aquelas.

A educação religiosa só é possível num lar cristão: - ambos os cônjuges cristãos, para se unirem na mesma orientação para Deus. Ai dos filhos cuja formação espiritual sentir a influência de um dos pais sem fé, sem prática religiosa. Quando, à idade das crises, experimentarem o peso de certas exigências da Igreja, tomarão o rumo que lhes aponta aquele mau exemplo.

E a vida cristã na família? A oração em comum, a Missa no Domingo, a devoção mariana, as festas cristãs? As mortes, as dores, as alegrias, os aniversários? E  o espírito cristão que envolve tudo, dando sentido à vida, elevando a almas, consolidando o lar? Como é possível tudo isso, sem a verdadeira piedade?

Se quisermos reduzir tudo isso a uma só palavra voltaríamos ao estado da graça. Mantê-lo já requer, às vezes, esforço quase heróico. Os chefes de um lar cristão querem a graça de Deus em todos de casa. Fazem dela a base, a condição e a finalidade da educação. Põem nela todo o empenho, teórica e praticamente, mais dispostos a morrer do que a perdê-la.

Tudo isso requer formação larga, prática constante, fé esclarecida, vida sacramental. E não se improvisa, repitamos. Os que pensam em casar tratem de intensificar sua vida cristã - o melhor de se garantirem a desejada felicidade no futuro lar.

(Noivos e esposos - Padre Álvaro Negromonte)

PS: grifos meus.