quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O raquitismo da alma


Se tivéssemos uma lâmpada com que pudéssemos ver uma alma humana, gritaríamos a cada passo:
 "Pobres almas raquíticas, aleijadas!"

Que vem a ser essas almas raquíticas? São almas que milhares de comodidades da vida civilizada e a preguiça enraizada em nossa natureza tornam moles e covardes; almas que estremecem logo que ouvem falar em trabalho, dever, domínio de si mesmo, mortificação. Tais almas podem desenvolver-se, sua inteligência pode cultivar-se, mas a vontade delas, que lhes será constantemente necessária durante a vida, permanece definhada, adoentada, anêmica, inútil.

... Começa desde hoje a educação da tua vontade. Quanto mais cedo começares, tanto melhor para ti. Quando fordes maior, tua vontade será indócil e dura qual uma velha árvore. Dificilmente se encontra um adolescente que no pecado queira cair. No entanto, muitos há que nele caem contra a sua vontade. Por quê? Porque a vontade deles é fraca. Por conseqüência, é de extrema importância o meu conselho de que fortifiques a vontade com exercícios repetidos.


... Habitua teu corpo a pequenas mortificações. Experimenta uma vez ou outra renunciar alguma coisa que agrade aos seus sentidos e te não seja proibida. Por exemplo: quando encontrares ao almoço o teu bolo predileto, deixa um bom pedaço, não o comas todo, e se um prato está acaso queimado, come dele sem uma palavra de comentário. E se chegardes tarde do colégio, com fome, não atormentes com queixas os ouvidos de tua mãe, a pretexto de que vais morrer de fome, se o almoço não for imediatamente servido. Se se rompem os cordões do teu sapato, quando te estás vestindo com pressa, não atires longe o calçado, mas assobia alegremente, consertando os cordões.

Se as coisas não te correm como queres, és capaz de não te enervar?
Se zombarem de ti, de não responder às zombarias?
Se a porta se abre, de não olhar imediatamente?
E, quando recebes uma carta, és capaz de não a abrir?
Se alguém te ofende, és capaz de conter a cólera, que te queima?
E, se alguma novidade te faz cócegas, és capaz de a guardar em segredo durante um dia?
És capaz, quando te pões a estudar depois do almoço, de deixar em cima da mesa dois ou três confeitos de chocolate, e de os abandonar assim diante de ti, sem que neles toques até à noite, não obstante os sobressaltos da gula?

E quando leres alguma coisa interessantíssima, és capaz de fechar o livro na passagem mais interessante e não continuar a leitura senão no dia seguinte?
Á mesa, durante o almoço, ou em aula, no teu banco, poderás ficar sentado tranquilamente, sem te mexerdes? e conservar-te sempre em boa disposição, ainda que te sintas fatigado? E assim por diante....

Vais dizer-me: São minúcias. É verdade. Mas não sabes que as grandes coisas são feitas de minúncias? que os arranha-céus de Nova York de cinqüenta andares, foram construídos com pequenos tijolos? São essas minúsculas vitórias cotidianas que farão aumentar a confiança em ti mesmo, e então não recuarás tão facilmente diante das dificuldades que encontrares pela existência afora.

(O brilho da mocidade -Dom Tihamer Toth)

PS: grifos meus