quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Estigmas das mãos de Nosso Senhor

PS: Esta postagem é de caráter informativo .Visa fornecer dados sobre estudos feitos por dois grandes estudiosos do Santo Sudário. Dr Pierre Barbet em sua obra: A Paixão segundo o cirurgião e Dr. Frederick T. Zugibe em seu volumoso estudo sobre o assunto: A crucificação de Jesus.
Não temos o intuito de afirmar o local exato da perfuração dos pregos nas Santas mãos de Nosso Senhor, afirmação essa que exige autoridade e conhecimento elevado, ambas qualidades que nos faltam.


(Figura ilustrativa, não confere com a citada no livro, apenas para dar uma noção da localização dos pregos)

Até o começo da década de 1930, cristãos devotos acreditavam que os pregos tinham atravessado a palma das mãos de acordo com os textos das Escrituras (Zacarias 13:6; Salmos 21:16, 17; Lucas 24:39; João 20:20-27). Crucifixos mais antigos como o de marfim, datado de 420 d.C., que se encontra no Museu Britânico, e o que está no portão de madeira de Santa Sabina, em Roma, datado da primeira metade do século V, mostram os pregos no centro das palmas. Estudiosos da crucificação, como Hengel, escreveram que, nos tempos romanos, era regra pregar o crucarius nas duas mãos e nos pés.

Porém, em 1932, na exposição do Sudário de Turim, o Dr. Pierre Barbet, um conhecido cirurgião de Paris, proclamou que o prego penetrou no pulso e não na palma da mão, já que ela não poderia suportar o peso do corpo. Ele turvou as àguas mais ainda ao afirmar que o prego penetrou uma área específica do pulso chamada espaço de Destot, onde, segundo ele, o objeto atingiu o nervo mediano, fazendo que o polegar se retraísse para a palma.

Essa novidade se espalhou como fogo pelo mundo todo até os tempos atuais, com uma infinidade de artigos na imprensa, documentários na TV, revistas, livros, capítulos em livros, etc., muito embora as suposições de Barbet fossem baseadas em mera especulação. Ele chegou a essa conclusão depois de notar que o Sudário de Turim parecia mostrar os ferimentos perto do pulso, na costas da mão; conduzindo uma única e indefensável experiência utilizando um braço amputado; e levando em consideração a revelação da Virgem para Santa Brigite, que dizia: "as mãos do meu Filho foram penetradas no ponto onde o osso é mais sólido." mais tarde, ele desenvolveu outra suposição, a de que somente um prego penetrou ambos os pés, ignorando totalmente a revelação de Santa Brigite, conforme a qual cada pé teria sido percurado separadamente. (A crucificação de Jesus escrito pelo dr. Frederick T.Zugibe)
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Segue algumas comparações feitas entre as opiniões de Dr.Pierre Barbet e Dr. Frederick T.Zugibe sobre o estigma de Nosso Senhor.


* Local do cravo segundo Dr.Pierre Barbet (Espaço de Destot - figura ao lado)

1) O Homem do Sudário foi pregado na área do pulso chamada espaço de Destot ?

Dr. Barbet

- "É portanto coisa certa: os cravos não puderam ter sido fincados nas palmas das mãos sem que as dilacerassem rapidamente; logo, é necessário procurarmos outro local." (Barbet - A Doctor at Calvary pág 118)

- "O cravo entrou no espaço de Destot; afastou, sem quebrar um só, os quatro ossos que o limitam." (´pág. 124)

- "Existe no meio dos ossos do carpo, um espaço livre, limitado pelo grande osso, o semilunar, o piramidal e o uniforme. Conhecemos tão bem este espaço que está de acordo com o espaço de Destot" ( Barbet - A Doctor at Calvary - pág 125)

Dr. Frederick

"Infelizmente, isso não pode ser verdade porque esses quatro ossos localizam-se na região do pulso pertencente ao dedo mínimo (ulnar) e não na região do polegar (radial), como é mostrado no Sudário! Olhe para a imagem do ferimento na mão para confirmar isso. Note que a imagem do ferimento na mão no Sudário é, sem dúvida, na região radial (polegar) do pulso.
Em primeiro lugar, o prego não poderia ter entrado no espaço de Destot, porque está no lado errado do pulso. Segundo, não poderia ter entrado no centro da palma, porque ele não teria saído no local do ferimento que a imagem do Sudário de Turim aponta. Em terceiro lugar, não poderia ter entrado no espaço entre o rádio e a ulna, porque não teria saído onde é mostrado no Sudário.


O prego poderia ter entrado na parte superior da palma da mão - não no centro da palma. Essa área é também tão robusta quanto o espaço de Destot ou a área radial. Um prego entrando nesta região poderia emergir no local detalhado no Sudário."

2) O polegar que falta no Sudário deve-se a um ferimento no nervo mediano por causa da passagem do prego?

Dr. Barbet

"Operava eu, e nisto insisto, sobre mãos vivas ainda, logo após a amputação de braço. Ora, verifiquei desde a primeira vez e, regularmente nas seguintes, que no momento em que o cravo atravessava as partes moles anteriores, estando a palma para cima, o polegar se dobrava bruscamente e, sobretudo, se opunha na palma, pela contração dos músculos tenarianos, ao mesmo tempo que os quatro dedos se dobravam muito ligeiramente...Ora, as dissecações me revelaram que o tronco do nervo mediano estava sempre gravemente ferido pelo cravo, seccionado, triturado na altura do terço, metade ou dois terços, de acordo com os casos...a contração destes músculos tenarianos, ainda vivos como seu nervo motor, se explicava facilmente pela excitação mecânica do nervo mediano" ( Barbet - A Doctor at Calvary ,pág. 126)

Dr.Frederick

"Isso é indefensável por duas razões: Primeira: Anatomicamente isso é impossível, porque o nervo mediano não passa pelo espaço de Destot, mas corre na área do pulso referente ao polegar e ao longo do sulco tenar até a palma da mão.Um jeito fácil de localizar o nervo mediano do seu pulso é dobrá-lo para a frente.Você vai notar uma estrutura firme, como se fosse uma corda, projetando-se externamente. Esse é tendão palmar longo. O nervo mediano corre ao longo desse tendão do lado do polegar, não do dedo mínimo. Obviamente, Barbet estava danificando o nervo ulnar, que corre na área do espaço de Destot.
Segundo: Mesmo que passasse e fosse ferido, não haveria flexão do polegar. O dr. Ernest Lampe um dos principais cirurgiões do mundo relata que, na ruptura do nervo mediano, dá-se a inabilidade para flexionar o polegar, o indicador e o dedo médio"

3) As palmas das mãos não vão agüentar o peso do corpo.

Dr.Pierre

"Fiz a seguinte experiência: acabando de amputar um braço no terço superior, de um homem vigoroso, enterrei meu cravo de 8mm de lado a lado (igual ao cravo da Paixão) em plena palma no 3º espaço. Suspendi devagarinho ao cotovelo 40 quilos(isto é, metade do peso de um homem que tivesse cerca de 1,80 m). Depois de 10 minutos, a chaga se havia estigado, e o cravo estava na altura das cabeças metacarpianas. Dei então uma sacudidela muito moderada no conjunto e vi o cravo franquear bruscamente o ponto do espaço retraído pelas duas cabeças matacarpianas e dilacerar bastante a pele até a comissura. Uma segunda sacudidela fê-lo arrancar o que restava da pele." ( Barbet - A Doctor at Calvary, pág. 116)

Dr.Frederick

"Ele descobriu que o prego rasgou a mão depois de cerca de dez minutos, com agitação. Acrescentou cálculos matemáticos derivados da fórmula de tensão pra um homem suspenso em um ângulo de 65 graus, que ele indicou resultar em, um impacto de aproximadamente 94 quilos. Sua conclusão é incorreta. O problema com essa e outras hipóteses de Barbet é que elas nunca foram sujeitas aos princípios do método científico, o que é indispensável para validar ou modificar uma hipótese...

Sempre tive muitas reservas quanto ao experimento de Barbet com o braço amputado, já que ele só o fez uma vez e, ainda assim, usando apenas um braço. Amputações de braço são muito raras na medicina e, acontecem principalmente quando existe gangrena por causa da obstrução do fornecimento vascular causado por doenças ou grave circustâncias traumáticas. Em casos como esses, os tecidos isquêmicos ofereceriam menos resistência que os tecidos normais, e os pregos, assim, dilacerariam as mãos com mais facilidade... As experiências de Barbet com o braço amputado não são aplicáveis à suspensão na cruz quando os pés estão presos à estaca. A fórmula de tensão é aplicável somente se a vítima está totalmente suspensa pelas mãos, com as pernas pendendo livres. A tração nas mãos e braços durante a suspensão é notadamente diminuída quando os pés estão presos à estaca, porque as pernas absorvem grande parte da tensão."



4) Os estigmatizados

Dr.Pierre

"Acrescentemos que a localização exata dos estigmas não tem sido sempre a mesma, mas vai variando por toda a extensão da zona metacarpiana e até perto do carpo. É necessário, portanto, concluir que os estigmas não poderão dar informação alguma sobre a localização nem sobre a forma das chagas da crucifixão... Aliás, é este o sentimento dos próprios estigmatizados, suas chagas não têm para eles senão valor místico. Apenas citarei uma: Teresa Neumann, embora suas manifestações sobrenaturais não tenham ainda sido homologadas pela autoridade legítima. Teresa disse a um dos seus amigos: 'Não creio que Nosso Senhor tenha sido pregado nas palmas das mãos, no local em que tenho os estigmas. Estes sinais não tem senão uma significação mística. Jesus deveria estar fixado sobre a cruz mais solidamente' .

Concluamos, então. Sem querer, pois quase que não o podemos, discutir o mecanismo somático do milagre (porque continuo a admitir que estes estigmas têm uma causa sobrenatural) , é permitido pensar que a impressão deles geralmente se faz no local em que o estigmatizado crê que estavam as chagas do Senhor."

Dr.Frederick

"É interessante que não se sabe de nenhum estigmático que tenha ferimentos no pulso antes da hipótese de Barbet. Além disso, a legitimidade dos estigmáticos pós-Barbet que tiveram ferimentos nos pulsos, como o padre italiano Gino Buresi e o padre americano Brussis, foi recentemente contestada. Alega-se que, aparentemente, Brussis procura refletores e supostamente está registrado no Guinness, o livro dos recordes, como a pessoa que permaneceu em uma roda-gigante por mais tempo do que qualquer coisa."